Enterrei o convite definitivamente



11 de agosto de 2010 foi o dia em que criei meu primeiro blog.
Aos 17 anos, andava acompanhando blogs de aspirantes à escritores e me motivei em fazer um pra mim. A surpresa foi a seguinte: uma enxurrada de comentários nos textos que postava quase diariamente. Comentários positivos, me incentivando a continuar a escrever, coisa que aliás faço desde que me entendo.
Prossegui com aquilo por um bom tempo. Estava firme e forte nessa onda digital. Aí vieram as obrigações do dia a dia que me empurravam cada vez mais para fora desse mundo. As postagens foram ficando cada vez mais escassas, até que um dia

parei de publicar de vez.

O conviteparalervanessatrajano.blogspot.com estava às moscas. E, para completar, começo do ano fui trabalhar numa escola jesuíta. Lecionava português para crianças do 4ª ano. Na mesma época, houve uma polêmica de uma professora de outra escola – também religiosa – que indicou “paradidáticos” eróticos da Ana Maria Machado sem querer para os alunos do 7ª ano, isso porque a obra veio erroneamente no catálogo da editora. A professora, pelo que soube, foi demitida injustamente por justa causa. Fiquei com medo de acontecer o mesmo comigo, logo agora nessa bosta de crise financeira e política que não acaba nunca. Já pensou? Só porque uma professora indicou sem querer o livro erótico sem querer foi demitida, avalie eu, que escrevo tais sacanagens. Então, fui no meu blog e excluí TODOS os textos eróticos.

Aquilo me desgostou.

Tentei publicar de novo, mas tudo o que eu via ali era rendição. Ao sistema, ao retrocesso, ao machismo também. Eu fui traída por mim mesma, mas na verdade porque ainda sou vítima de tudo isso. Se fosse um professor, homem, talvez não tivesse acontecido algo tão drástico. E sei de várias pessoas que são educadores e trabalham paralelamente com eroticidades e nada acontece. Agora vai uma mulher mexer com isso, tá lascada.

Mas aprendi:

Nunca mais irei excluir nada. Não vou ser covarde de novo. Atitudes como essas, de recuar e sair correndo com medo só alimenta qualquer tipo de opressão. Sempre me inspirei nas grandes mulheres. Na Pagu, Frida Kahlo, Maysa, Clarice Lispector, Anais Nin, Edit Piaf. Elas com certeza não deram com os burros n’água. Não mesmo. Batiam de frente, confrontavam. E por isso entraram pra história. Não sei se vou entrar um dia, seria pretensioso demais dizer isso, mas a minha parte de botar a boca no trombone quando eu quiser e for necessário farei. Portanto, esse blog será uma continuidade do último: aqui será o meu canto de postar crônicas, contos, poemas, cartas, desabafos; de discutir, debater, de divulgar meu trabalho e de ser EU. Então bem vindo ao Blog da Trajano e se delicie muito em breve com o que até o momento sei fazer de melhor: falar de libertação feminina através do que a maioria sofre por calar.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas